Recursos Humanos


Ferramentas de RH

Avaliação de Desempenho Individual no Trabalho

Treinamento aos Avaliadores

 

Como observar as pessoas?

Estamos cada vez mais nos aproximando da realidade do nosso trabalho, passando dos conhecimentos teóricos para a aplicação objetiva dos mesmos no ambiente de trabalho.

Esperamos que os conhecimentos abordados até aqui tenham despertado ou reavido atitudes e comportamentos que orientarão no sentido de promover a avaliação mais justa de desempenhos de empregados.

Os pontos fundamentais a fixar são: o que se deve observar, como fazer a observação e como registrar a observação feita.

 

Conhecimento do que será observado

Um princípio básico de observação consiste em definir os comportamentos à serem observados. Devemos conhecer o melhor possível o que vamos observar e estar interessados em realizar uma observação adequada. Portanto, em primeiro lugar, definir o que deve ser observado e depois concentrar-se na observação através da definição estabelecido.

No nosso caso, estamos interessados em observar o empregado como ser humano e como profissional. Aqui serão aplicados os conhecimentos básicos que procuramos desenvolver no estudo do homem como indivíduo, como profissional e como ser social. Serão selecionados os traços de personalidade e as qualidades do profissional estabelecidos pelo sistema de avaliação de desempenho adotado pela empresa.

Suponhamos que um dos traços a observar seja a iniciativa do empregado. O observador procurará verificar se o empregado assume a responsabilidade de seu trabalho sem uma direção específica, se procura, por si só, estudar a melhor forma de executar o serviço, se consulta o chefe diante de uma dificuldade que não conseguiu superar sozinho, se está sempre procurando desenvolver novos processos, se não se limita a fazer exclusivamente o que lhe mandam, etc.

Outro fator a observar será, por exemplo, qualidade de trabalho. O observador verificará se o trabalho é perfeito, sem erros, feito com esmero, se repete o trabalho porque não sai bom na primeira vez, e assim por diante. Deverá estar, portanto, definido o que será observado e quais os objetivos da observação, que serão, no nosso caso, a avaliação de desempenho e aperfeiçoamento do empregado.

 

Interpretação de comportamentos e fatos observáveis

Verificar apenas a existência de um fato, de um comportamento, de uma atitude, não será o bastante. Será preciso interpretar esse fato ou esse comportamento, compreender o que representa, levantar hipóteses acerca de suas causas, enfim, saber se o mesmo é importante ou não, se tem efeito favorável ou desfavorável do ponto de vista do trabalho. O homem leva para o trabalho suas experiências anteriores, sua personalidade, seus motivos, seus interesses. Tudo isso deve ser levado em conta na interpretação dos fatos observáveis. Significa procurar o "por quê" das coisas, das atitudes.

 

Estudo de caso de uma arquivista atrasada

Esse problema começou de forma simples, como ocorre freqüentemente. A jovem bonita e jovial, de 24 anos, que trabalhava na seção de arquivos de uma empresa, começou a chegar atrasada. Isso foi uma surpresa para todos que a conheciam, porque a moça era muito estimada. Por fim, o supervisor a chamou, disse-lhe que o atraso não podia ser tolerado, e advertiu-a para que chegasse no horário, a partir de então.

Durante alguns dias a arquivista chegou na hora. Depois, voltou a atrasar-se. E continuou a se atrasar, apesar das advertências, gastando ainda muito tempo no café e no almoço.

O supervisor começou a deduzir de suas férias, estas faltas, e falou-lhe várias vezes sobre o assunto, energicamente. Chegou mesmo a examinar horários de ônibus com a moça, para mostrar-lhe como não se atrasar. Nada disso deu certo.

Por fim, o supervisor começou a pensar em afastá-la, pois suas atitudes estavam tendo um efeito claramente negativo sobre o resto do pessoal.

A essa altura, ele buscou ajuda.

Que deverá fazer?

Tudo já havia sido tentado: nada dera certo. Seria claro que a moça tinha de ser afastada?

Parecia que sim, mas seria correto?

Um exame cuidadoso dos fatos revelou o seguinte:

O resultado do caso foi que o supervisor buscou ajuda do Departamento de Recursos Humanos, que transferiu a funcionária para um setor onde era necessário o conhecimento de línguas. Colocada num trabalho de que lhe era agradável e para o qual estava preparada, a arquivista saiu-se bem.

Nesse exemplo, o supervisor foi incapaz de resolver o caso, principalmente por não ter procurado senão curar os sintomas. Não se preocupou em verificar tudo o que podia sobre a sua funcionária. Fez muitas suposições, sem verificar nem mesmo os fatos ao alcance da mão. E o que é possivelmente ainda pior, jamais teve uma conversa com a moça sobre o trabalho, sua formação, suas ambições, sua falta de interesse pelo arquivo, ou seja, esqueceu-se de perguntar "POR QUÊ ?".

Podemos extrair do exemplo, três aspectos importantes na interpretação de comportamentos e fatos observáveis:

Não poderíamos deixar de ressaltar aqui a observação e interpretação de comportamentos grupais. Quando os homens trabalham em grupo, a personalidade do grupo chega a ser mais forte que a de qualquer componente individual.

O observador deverá identificar o grupo que atua no seu trabalho, procurando conhecer as forças desse grupo, assim como saber interpretar comportamentos que derivam de atitudes grupais, diferenciando-se de comportamentos derivados de atitudes individuais.

 

Objetividade na observação

Uma observação é objetiva quando retrata a realidade de forma tal que permita as pessoas que dela tomem conhecimento figurarem a situação de maneira clara, precisa, e o mais aproximada possível da realidade. Só uma observação precisa pode levar a uma interpretação adequada dos fatos.

Já vimos como o nosso mundo interior pode interferir na percepção. Há sempre o perigo de deixarmos que nossas opiniões e nossa imaginação influenciem as observações que realizamos. É fácil deturpar o que observamos, principalmente se nossa afetividade estiver em jogo, isto é, se as pessoas em causa nos forem especialmente simpáticas ou, ao contrário, desagradáveis. Há uma tendência natural a não se ver os aspectos negativos naqueles de quem se gosta e a exagerá-los nos que não agradam. Portanto, não permitir a interferência das predisposições nas observações e distinguir claramente entre a observação de fatos e sua interpretação.

Muita coisa depende do preparo e habilidade do observador, assim como do conhecimento perfeito do que será observado. Sabe-se, por exemplo que as testemunhas de um acidente podem apresentar descrições diametralmente opostas. Se possível, comparar os registros feitos com os de outros observadores e com o próprio observado, para verificar o acordo e a consistência entre eles.

Sabemos que os nossos chefes tem pouco treinamento para esse trabalho de observação. Falta à eles, geralmente, sistematização e normas planejadas. Todavia, para que se tornem observadores mais perfeitos, os chefes precisam, em primeiro lugar, ter um interesse autêntico pelo aperfeiçoamento; ter vontade de aceitar o ensino e auxílio, e desejar que suas observações sejam verificadas quanto à correção e fidelidade.

 

Observação contínua

Geralmente, o tempo que o chefe dedica para a observação de comportamentos de seus empregados é aquele que coincide com o momento em que lhe foi distribuído um questionário para efetuar a avaliação de desempenho. Podemos deduzir quantas falhas serão encontradas nessas avaliações feitas às pressas, sem uma sistematização e computando apenas fatos e comportamentos mais recentes, sem uma análise mais profunda.

Entre os muitos erros que podem ocorrer destacam-se aquelas impressões que ficaram gravadas ante um comportamento bastante negativo de um empregado em um determinado momento ou, o contrário, uma atitude bastante positiva também em um dado momento. A partir daí generalizam-se as conclusões e o empregado passa a ser julgado somente por alguns comportamentos mais evidentes sem, contudo, se conhecer as circunstâncias que os provocaram.

Daí a necessidade de observações freqüentes e regularmente distribuídas. É melhor dividir em pequenos períodos e em observações freqüentes o tempo total da observação do que usá-lo em uma única oportunidade.

Essas observações freqüentes permitem obter uma amostra mais adequada do comportamento do empregado, corrigindo as impressões errôneas, fortalecendo as informações acertadas e observando os empregados em todas as atividades, a fim de se obter maiores esclarecimentos sobre os mesmos e evitar conclusões apressadas.

Essa observação contínua não poderá se apoiar, por muito tempo, na memória; por isso, deverá utilizar-se de registros escritos que permitam estudo cuidadoso (veja mais adiante, questionário de avaliação de desempenho de pessoal individual).